
CA SUSTENTÁVEL 37
sarmos a porta que dá entrada aos biocosméticos,
esperam-nos produtos livres de
conservantes sintéticos, químicos, minerais
e – ou – animais. Em kosmetikós, palavra
grega que transmite habilidade em
adornar e embelezar, está facilmente perceptível
a origem do termo “cosmético”.
Na Grécia antiga, por volta do ano 200
d.C., acreditava-se muito nos cuidados de
beleza, sobretudo no efeito de reverter o
envelhecimento da pele, embora, é claro,
sem grandes preocupações com a saúde
ou o meio ambiente, através de cremes e
fragrâncias obtidos a partir das mais variadas
receitas. Continuando – hoje como
ontem – a querer estimular e recuperar a
nossa pele, desejamos, agora, fazê-lo do
modo mais natural possível, num processo
em que elegemos produtos inovadores
e sustentáveis, que se distinguem
pela delicadeza e eficácia, respeitando os
frágeis tecidos epidérmicos, sem implicar
negativamente com os ecossistemas.
É tudo uma questão de equilíbrio, num
percurso natural. Tão natural como as
dúvidas que vão surgindo sempre que se
investe e trabalha para inovar; são as habituais
pedras no caminho, neste caso e
por exemplo, as campanhas de falso marketing.
Virá a propósito ter presente que,
no clarear do novo milénio, o mundo assistiu
a uma proliferação de greenwashing
(produtos com químicos, mas vendidos
como… naturais), pelo que se revelou necessário
criar com celeridade fórmulas de
certificação e legislação adequadas, designadamente
protectores eficazes para
o consumidor, para a saúde e para o ambiente.
Existe um conjunto de entidades
certificadoras sem fins lucrativos na Europa
que leva a cabo inspecções de forma
a garantir a máxima segurança, isto é, que
os critérios-chave de preservação de valores
ambientais são cumpridos de acordo
com os standards biológicos. O logótipo
– ou selo – de uma entidade certificadora
colocado nos produtos cosméticos assume
se como instrumento precioso para
o consumidor. E as pessoas olham cada
vez mais para os rótulos, para as indicações.
Querem ter a certeza do que estão a
comprar, de que vão usar um activo cosmético
100% biológico. Há – ou, melhor
dizendo, tem de se consolidar – todo um
processo-modelo para trabalhar esta cosmética:
produção de energia renovável,
embalagens recicláveis, produtos amigos
do ambiente e da vida animal. Só assim
será 'bio', em clara defesa da sustentabilidade
e da excelência inovadora. De caminho,
fazendo uma consulta ao mercado
português, verifica-se uma tendência de
crescimento da cosmética biológica. Dezenas
de novas marcas apostam em produtos
naturais, 'bio' e, até, num modo
de vida vegan, tudo isto movendo novas
empresas, umas mais vocacionadas para a
produção industrial, outras de perfil mais
artesanal. Em ambos os casos, o propósito
é o mesmo: associar a beleza à saúde
e o bem-estar ao futuro. Para que a nossa
pele seja o reflexo de um mundo em
mudança, a exemplo do Crédito Agrícola.
Diante do espelho, veremos, naturalmente,
um bom exemplo de como podemos
– e devemos – caminhar nos trilhos do
desenvolvimento sustentável.