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ENTREVISTA
REVISTA CRÉDITO AGRÍCOLA
não estará longe a hora em que o dinheiro físico
venha a ser coisa do passado. O futuro aponta
nesse sentido, pelo que é preciso preparar
o Crédito Agrícola para uma transição
confortável, ou seja, sem impactos indesejáveis.
Depois de reconhecido pelo Revista The
Banker, como o Banco com a melhor
performance em Portugal, o CA registou
em 2021, como já referiu, os seus
melhores resultados de sempre.
Que expectativas tem sobre
as percepções resultantes desse
desempenho histórico, considerando
os stakeholders, o mercado financeiro
e a economia portuguesa?
As percepções são muito importantes para
qualquer Instituição e, naturalmente, convém
que sejam positivas. Ao ter esse reconhecimento
do Grupo Financial Times, em primeiro lugar
é um grande orgulho, uma satisfação enorme
para todos os que aqui trabalham no Crédito
Agrícola, como para os nossos Clientes,
ser sinalizado com relevância por uma entidade
independente. Não fomos nós que o pedimos,
nem nos pusemos em bicos de pés…
O importante é que vimos somando exemplos da
crescente notoriedade do Crédito Agrícola junto
do mercado. Actualmente somos – das pequenas
– a maior Instituição, supervisionada pelo Banco
de Portugal BdP. Estando no topo, é natural que
a observação e o escrutínio do que fazemos sejam
objecto de atenções acrescidas, o que torna ainda
mais exigente o nosso trabalho e a nossa gestão.
Nesse pressuposto, a reputação que o Banco vai
construindo tem de ser extremamente positiva.
Neste oscilante cenário global, consegue
identificar os desafios maiores
que se colocam à sua governance
perante tantas incertezas?
Em 2013, o Crédito Agrícola não tinha 800
milhões de euros de fundos próprios, hoje
estamos acima dos 2.000 milhões. Este é o nosso
escudo protector, um lastro com espessura para
enfrentar as dificuldades que possam surgir.
Tenho muita confiança em todos nós.
Como cidadão ocidental, não escondo a tristeza
que me invade com as sucessivas imagens
e relatos de atentados ao respeito pela dignidade
da pessoa humana. Sinto-me muito tocado nos
meus sentimentos. Era bom – muito bom – que
a guerra tivesse um termo, que seja conseguido
um rápido entendimento, porque, quanto
ao resto, aos outros problemas, tudo se resolve.
Mesmo com o crescimento das taxas de juro,
com inflações altas, com custos de reconstrução
de países destruídos – já nos deparámos
com essas duras realidades, e creio bem que,
mais uma vez, vamos ser capazes de superar
os maiores obstáculos e continuar. Só a morte
não tem solução, é irrecuperável; mas nós,
os que ficarmos, nós que estamos na União
Europeia, na Zona Euro, conseguiremos, juntos,
ultrapassar todo este mar revolto.
Já aflorámos a questão, mas o que é que
efectivamente mudou em termos
de regulação face ao Crédito Agrícola?
Ao fit and proper transversal a todo o sistema
bancário, ainda recai sobre nós uma exigência
regulamentar que nos torna o Banco mais
supervisionado pelo BdP. Aplicam-se requisitos,
e em bom rigor o que legitimamente precisamos
é de um novo regime jurídico consagrando um
só report e para todo o Grupo CA; os dois
reports actuais, com separação de águas, cria-nos
manifestas dificuldades de gestão.
Que expectativas tem, por parte
do regulador, susceptíveis de criar
outra ‘moldura’ e amplitude ao Regime
Jurídico do Crédito Agrícola?
Reitero o meu entendimento de que tudo se vai
resolver, mais a mais quando o contexto político
o permite. Os portugueses deram maioria a um
partido e a um primeiro-ministro que escolheu o
seu Governo. Inferimos desse voto de confiança
que estão reunidas as condições necessárias para
tomar quase todas as medidas – e não apenas as
que envolvem o novo Regime Jurídico do Crédito
Agrícola – cuja execução estava condicionada
pelo anterior contexto político.
Que mensagem gostaria de deixar
aos stakeholders ao assumir este seu
quarto mandato?
Os Clientes, ou melhor, as populações dos
territórios classificados como de baixa
densidade, continuarão a contar com o CA.
Estaremos sempre presentes, ao seu lado, seja
com uma Agência, seja com um ATM, seja com
qualquer outra ferramenta de apoio. Para além
da nossa presença física, vamos incrementar
o investimento no digital, para apoiar os jovens
e as populações mais urbanizadas.
Somos
um Banco
que compara
muito bem
na área social,
a fazer um
caminho
muito positivo
no domínio
ambiental,
mas não
queremos
ser green
só porque sim,
apenas para
ficar bem
na fotografia…