
CA SUSTENTÁVEL
so caldo multicultural. Em 2015, o convite
de um amigo para integrar a cozinha
da Herdade do Esporão* abre-lhe novos
horizontes. Veio para braço-direito do
chef Pedro Pena Bastos. Os dois anos
seguintes serão temperados com muita
cumplicidade, revelando-se decisivos.
Pedro sai, para abraçar um novo projecto
Ritz Four Seasons Hotel Lisboa e Carlos
fica, para assumir a cozinha do Esporão,
em Janeiro de 2018. Aos vinte e cinco
anos, sente o receio da grande responsabilidade,
a pouco e pouco suavizado pelo
sorriso que lhe semicerra o olhar, espelhando
a confiança da administração
da Casa. “Não podia ter tomado melhor
decisão profissional, tem sido um desafio
fantástico”, confessa. A prova mais
eloquente de que tudo tem corrido pelo
melhor está bem patente na atribuição
da Estrela Michelin que chega no exacto
dia desta reportagem e da Estrela Verde
Michelin. A notoriedade consequente
mede-se, aos nossos olhos, pelo restaurante
pleno de reservas e comensais,
vindos de perto e de longe, todos movidos
por um palato ávido do bom e inimitável
que aqui se prepara, confecciona
e serve, tendo o chef Carlos Teixeira ao
leme, lado a lado com uma equipa insuperável
na horta, na cozinha, nos vinhos,
nas mesas. “É a força da marca Esporão”,
sintetiza e… sorri este jovem português,
que vê o reconhecimento e as ‘estrelas’
como incentivo a quem sempre fez por
seguir o seu caminho e as suas ideias,
sem replicar nada, nem copiar ninguém.
“O meu propósito é muito claro: fazer
uma cozinha de excelência, com produtos
da terra, inspirado na ideia do Alentejo,
onde com pouco se faz muito.” Uma
inspiração que, aqui e ali, não esquece
as origens, a calorosa e inimitável canja
da avó Zulmira e outras coisas simples.
Coisas que, pela sua arte, resultam numa
simplicidade sofisticada. E, por isso,
merecedora do brilho das estrelas. Parabéns,
grande chef Carlos Teixeira!
*Cliente do CA Alentejo Central
praticar com os melhores, quase sempre
em hotéis de cinco estrelas. Ao rever esses
cenários onde a magia, a disciplina
e a concentração atingem o absoluto, o
chef sorri ao lembrar-se do último estágio,
realizado numa das catedrais da alta
gastronomia: o Claris Hotel Grand Luxe,
em Barcelona. Bem estendida a massa
da experimentação junto de referências
de topo internacional, a par da formação
académica trinchada, comme il faut,
começa, então, a carreira profissional.
Adquirido o ‘brevet’ para um voo com
inúmeras escalas – tal era a sede de não
deixar, nunca na vida, de experimentar
e aprender – vão somando-se passagens
por cozinhas tão diferentes como o Grémio
Literário e a Rotas das Sedas, em
Lisboa. Segue-se um tempo novo, com
várias oportunidades em Londres, que
lhe acrescentaram mundo e um genero-
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