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GERAÇÃO XXI
REVISTA CRÉDITO AGRÍCOLA
nacionalmente. A rápida expansão e a exportação estão, assu-midamente,
no horizonte desta equipa.
Antes de projectar o futuro, recuemos, porém, à génese. Lillian
Barros recorda que a semente começou a ser lançada à terra
após contactos da indústria vinícola, movida pelo interesse em
deixar de utilizar sulfitos devido à toxicidade inerente. Os in-vestigadores
de Bragança entraram, então, em campo, primeiro
para identificar a melhor matriz para o efeito desejado. “Déca-das
de estudo em termos de caracterização e bioactividade de
centenas de matrizes naturais” permitiram seleccionar a flor de
castanheiro como “a mais promissora em termos de actividade
antioxidante e antimicrobiana, dois requisitos essenciais para
o desenvolvimento de um conservante”. De seguida, era impor-tante
avaliar a sua estabilidade, isto é, saber se manteria as suas
propriedades químicas e bioactivas em condições de armaze-namento,
por exemplo. Confirmado este requisito, foi preciso
estabelecer a dose activa ideal para posterior incorporação no
vinho, passo que foi primeiramente efectuado em vinho verde,
com monitorização ao longo do tempo, nomeadamente ao ní-vel
das propriedades organoléticas e sensoriais.
Todos estes passos foram conseguidos com sucesso. E o Chest-
Wine aí está, quase pronto para comercialização e para propor-cionar
aos consumidores uma experiência inovadora e eficaz.
Sobre as vantagens, Lillian Barros já tinha mencionado o facto
de ser um conservante natural. Mas há mais, e todas elas as-sentam
no pilar da sustentabilidade. Desde logo, económica, na
medida em que se aproveita um resíduo biológico, “sem qual-quer
interesse económico, dando origem a um produto final de
valor acrescentado”. Soma-lhe um benefício a nível da saúde,
dado que as flores de castanheiro têm propriedades bioactivas,
tornando os alimentos e bebidas em que são incorporadas em
produtos funcionais. E finaliza com uma mais-valia ambiental,
dado que, para a obtenção do vinho com este conservante, as
flores masculinas são colhidas manualmente em soutos, após
o processo de fecundação, sem prejuízo da formação do fru-to.
“Assim, obtemos um vinho natural através de um processo
completamente biológico sem adição de um aditivo artificial,
diminuindo o impacto ambiental da produção de vinho”, sub-linha.
Faça-se, pois, um brinde à inovação, com Lillian Barros
a realçar a importância de inovar nos diferentes sectores in-dustriais,
para ir ao encontro dos consumidores cada vez mais
exigentes e atentos. Só falta provar…